Evento 29/05/2025

Painel da Conseguro 2025 mostra como a educação financeira pode transformar o Brasil — e o seguro

Num país com 67 milhões de endividados, onde a prestação ainda pesa mais que o preço final, falar sobre educação financeira é, na prática, um ato de saúde pública. Foi com essa urgência que Ney Dias, presidente da FenSeg, moderou o painel “Educação Financeira e a Cultura do Seguro” na Conseguro 2025, em São Paulo. Ele abriu o debate com uma provocação direta: como criar uma cultura do seguro em um país em que grande parte da população não sabe administrar seu próprio orçamento? Para Ney, “se você acha que a educação é cara, experimente a ignorância”, citando o ex-reitor de Harvard, Derek Bok. No Brasil, essa ignorância custa caro — especialmente aos mais pobres, que acabam reféns de juros abusivos e produtos financeiros mal compreendidos.

Especialistas reforçaram que sem educação financeira, o seguro não cumpre seu papel social. Júlia Lins, diretora da Susep, destacou projetos que levam o tema para o currículo escolar e para as redes sociais, enquanto o deputado Mauro Benevides Filho ressaltou a importância de começar no ensino fundamental para mudar a cultura do consumo imediato e das apostas esportivas. O consultor André Nunes levantou o desafio da escolha entre o “hoje” e o “amanhã” nas decisões financeiras, ressaltando que estudar e trabalhar são tarefas para toda a vida. Já a executiva do mercado segurador Mirella Dota Sanches apresentou uma experiência prática, em parceria com os Correios, de distribuição de microsseguros e formação dos atendentes para que expliquem o que é o produto de forma simples e clara. 

Amaury Oliva, diretor da Febraban, trouxe dados que ilustram o tamanho do desafio. “Nossa pesquisa anual mostra que 84% dos brasileiros vivem em situação de risco financeiro. Um terço gasta mais do que ganha, e 32% não têm qualquer reserva de emergência.” Segundo ele, embora haja sinais de melhora, apenas 53% da população reconhece que precisa aprender mais sobre finanças.

Amaury reforçou que um consumidor mais consciente é bom para todos: “Um terço do spread bancário está ligado à inadimplência. Se reduzimos isso, todos ganham — bancos, seguradoras e sociedade”.

A diretora da Susep também citou o projeto digital “Meu Futuro Seguro”, que leva conteúdo acessível sobre seguros às redes sociais. “Precisamos explicar, de forma clara e objetiva, o que é o seguro e por que ele é importante — para todos os públicos.”

O painel mostrou que a integração entre setor financeiro, governo e escolas é fundamental para levar educação financeira a toda população e ampliar a compreensão sobre seguros — elementos essenciais para a proteção e a independência dos cidadãos. O exemplo do Ceará, com 12 anos de avanço na educação básica, serviu de inspiração para políticas nacionais que conectem educação e cultura do seguro.

Ao fechar o evento, Ney Dias reforçou a mensagem que guiou toda a conversa: “O desenvolvimento de uma cultura do seguro gera cidadãos mais completos e independentes, e é isso que o Brasil precisa para seguir em sua vocação de crescimento.” 

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